Almas são sementes que se plantam na terra, que
brotam na igreja e se colhe no céu.
Por Alberto Rossi Chinchete
(Secretário Adjunto e Líder no Grupo de Missões Ágape)
Conta-se sobre uma empresa que mandou um vendedor
de sapatos para um país na África e este vendedor voltou dizendo que não foi
possível fazer o trabalho, por que lá ninguém andava calçado. Contudo outro
vendedor foi enviado e este, ao ver aquele povo descalço exclamou: “todos aqui
precisam de sapatos” e vendeu como nunca ao ponto de criar uma grande empresa
ali.
O grande diferencial em
tudo que se faz, especialmente em missões é a visão, a forma como olhamos as
coisas, as pessoas e as situações. Jesus tinha um olhar missionário. Tudo ele
via com a ótica Divina. Ele pregou do para uma mulher na beira do poço e viu o
potencial missionário naquela samaritana e então aconteceu uma enorme colheita de almas, um avivamento sem
precedentes em Samaria. Tudo porque Jesus ousou olhar na direção para qual ninguém
olhava.
Vivenciei
em dezembro de 2013 uma experiência que levarei com carinho por toda a minha
vida, participando juntamente com minha esposa Ruth de uma viagem missionária
de cinco dias ao Paraguai, da qual também fizeram parte o Pr. Valdomiro Abreu, o Cp. José Osvaldo e a Dca. Carmem Silvia, da nossa igreja em Estiva Gerbi.
Logo que ali chegamos e os moradores de lá viram
nosso ônibus, foi como se um filho que se perde da mãe acabasse de voltar pra
casa. Um emocionante reencontro e um encontro (para os marinheiros de
primeira viagem) onde a alegria de todos era intensa e real, pois podíamos
perceber nos olhos daquela gente que para eles éramos como se fôssemos uma
resposta as suas orações , uma solução para suas necessidades. É muito confortante saber que o Senhor
tem enviado seus servos para saciar a sede e fome da Palavra de Deus do
povo paraguaio. O pastor local nos recebeu com muito grado, e no terreno onde
está sua casa foi servido café da manhã, almoço e até jantar. Fizemos uma festa
para as crianças de duas igrejas, onde mais de 180 “niños” compareceram.
Podemos ver a carência de estrutura nos lares e a falta de planejamento
familiar. Para se ter uma ideia, conversei com
um irmão que já tem oito filhos e ele me disse que pretende chegar a dez
.
É gritante
a carência daquele povo pelo ensinamento profundo da Palavra e pela instrução
nas coisas mais básicas da vida... E não dá pra esperar... Missões é urgência.
Devemos cuidar com muito zelo dos que já estão lá e investir ainda mais naquela
obra, pois há muitas almas para se ganhar.
No terceiro dia fomos visitar outra igreja que fica
a uns 70 km de onde estávamos. Na metade
do caminho paramos na estrada e subimos um barranco; ali há uma igreja de madeira,
construída embaixo de uma árvore. Lá reside um jovem casal que dirige cultos
familiares. Não há bancos confortáveis como os que estamos acostumados, mas sim
pedaços de madeira onde os irmãos se acomodam. Gostamos de nossos banheiro com pelo
menos água quente canalizada na hora do
nosso banho, mas ali, a porta do
banheiro é um plástico rústico estendido e o vaso sanitário é um buraco no
chão. Quando chegamos na igreja a qual tínhamos saído para visitar, deparamos com os irmão preparando um novilho
que mataram para nossa alimentação. Confesso que na hora que vi um caldeirão
cozinhando a miudeza do animal numa fogueira acessa no quintal, me lembrei de
quando morava com minha mãe que fazia questão de levantar cinco horas da manhã
e preparar o almoço que levaria para o serviço e ainda passar a minha roupa na
hora de vestir para que pudesse estar bem quentinha.
Percebi que os irmãos tinham colocado a carne
pendurada na cerca, mas logo um de nossos companheiros de viagem (O Pr. Jair Palmieri) deu um jeito
de preparar aquela carne sem mais delongas, para a alegria dos brasileiros que
já estavam “desconfiados” daquela comida exposta ao relento. Lembrei-me das vezes
que em nossa casa só porque a mãe ou a esposa fritou aquele bife um pouquinho a
mais ou deixou o ovo com a gema mole e já foi motivo de reclamação.
Enquanto
nosso churrasco estava sendo preparado,
foi realizada uma festa com as crianças daquele povoado, e através da
irmã Margarida que se vestiu de bonequinha, os pequenos ali presente
ouviram a Palavra de Deus através dos louvores
infantis e glorificaram ao Senhor.
Vendo cada rosto, cada gesto, fui comovido pelo
Espírito Santo que precisamos fazer tudo de graça e pela Graça. Não nos cabe avaliar as nossas condições ou o
merecimento das pessoas que ouvirão a mensagem.
Muitas vezes estamos colhendo o que outras pessoas plantaram e plantando
para outros colherem. Precisamos saber apenas que Jesus é o Senhor da Seara e
ele mesmo consuma toda a obra. Não podemos pensar que as almas são somente nossas,
precisamos repartir esta alegria com alguém. Por que até os anjos nos céus que
nem podem pregar se alegram por causa de um só pecador que se arrepende e nós
precisamos voltar da evangelização alegres por ver maravilhas do Senhor sendo
realizadas por outras mãos.
Assim concluo essa experiência dizendo que a
receita de Jesus para a visão missionária é andar de olhos erguidos para ver os
caminhos de Deus que são mais altos que os nossos. Cristo tinha olhos cheios de amor, com um
olhar profundo que percebia as necessidades das pessoas, vontade de ganhá-las
para Deus, discernimento, alegria e visão da Graça sobre elas. O missionário
precisa ser bem resolvido e ter olhos capazes de ver a urgência da
evangelização com relacionamentos saudáveis que só podem ser revelados e
compreendidos olhos nos olhos.
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