segunda-feira, 19 de maio de 2014

Visão Missionária Paraguai

Almas são sementes que se plantam na terra, que brotam na igreja e se colhe no céu.

Por Alberto Rossi Chinchete
(Secretário Adjunto e Líder no Grupo de Missões Ágape) 

Conta-se sobre uma empresa que mandou um vendedor de sapatos para um país na África e este vendedor voltou dizendo que não foi possível fazer o trabalho, por que lá ninguém andava calçado. Contudo outro vendedor foi enviado e este, ao ver aquele povo descalço exclamou: “todos aqui precisam de sapatos” e vendeu como nunca ao ponto de criar uma grande empresa ali.

O grande diferencial em tudo que se faz, especialmente em missões é a visão, a forma como olhamos as coisas, as pessoas e as situações. Jesus tinha um olhar missionário. Tudo ele via com a ótica Divina. Ele pregou do para uma mulher na beira do poço e viu o potencial missionário naquela samaritana e então aconteceu  uma enorme colheita de almas, um avivamento sem precedentes em Samaria. Tudo porque Jesus ousou olhar na direção para qual ninguém olhava.

Vivenciei em dezembro de 2013 uma experiência que levarei com carinho por toda a minha vida, participando juntamente com minha esposa Ruth  de uma viagem missionária de cinco dias ao Paraguai, da qual também fizeram parte o Pr. Valdomiro Abreu, o Cp. José Osvaldo e a Dca. Carmem Silvia, da nossa igreja em Estiva Gerbi.

Logo que ali chegamos e os moradores de lá viram nosso ônibus, foi como se um filho que se perde da mãe acabasse de voltar pra casa. Um emocionante reencontro e um encontro (para os marinheiros de primeira viagem) onde a alegria de todos era intensa e real, pois podíamos perceber nos olhos daquela gente que para eles éramos como se fôssemos uma resposta as suas orações , uma solução para suas necessidades.  É muito confortante saber que o Senhor tem  enviado seus servos para  saciar a sede e fome da Palavra de Deus do povo paraguaio. O pastor local nos recebeu com muito grado, e no terreno onde está sua casa foi servido café da manhã, almoço e até jantar. Fizemos uma festa para as crianças de duas igrejas, onde mais de 180 “niños” compareceram. Podemos ver a carência de estrutura nos lares e a falta de planejamento familiar. Para se ter uma ideia, conversei com  um irmão que já tem oito filhos e ele me disse que pretende chegar a dez .

É gritante a carência daquele povo pelo ensinamento profundo da Palavra e pela instrução nas coisas mais básicas da vida... E não dá pra esperar... Missões é urgência. Devemos cuidar com muito zelo dos que já estão lá e investir ainda mais naquela obra, pois há muitas almas para se ganhar.

No terceiro dia fomos visitar outra igreja que fica a uns 70 km de onde estávamos.  Na metade do caminho paramos na estrada e subimos um barranco; ali há uma igreja de madeira, construída embaixo de uma árvore. Lá reside um jovem casal que dirige cultos familiares. Não há bancos confortáveis como os que estamos acostumados, mas sim pedaços de madeira onde os irmãos se acomodam. Gostamos de nossos banheiro com pelo menos água quente canalizada  na hora do nosso banho, mas  ali, a porta do banheiro é um plástico rústico estendido e o vaso sanitário é um buraco no chão. Quando chegamos na igreja a qual tínhamos saído para visitar,  deparamos com os irmão preparando um novilho que mataram para nossa alimentação. Confesso que na hora que vi um caldeirão cozinhando a miudeza do animal numa fogueira acessa no quintal, me lembrei de quando morava com minha mãe que fazia questão de levantar cinco horas da manhã e preparar o almoço que levaria para o serviço e ainda passar a minha roupa na hora de vestir para que pudesse estar bem quentinha.

Percebi que os irmãos tinham colocado a carne pendurada na cerca, mas logo um de nossos companheiros de viagem (O Pr. Jair Palmieri) deu um jeito de preparar aquela carne sem mais delongas, para a alegria dos brasileiros que já estavam “desconfiados” daquela comida exposta ao relento. Lembrei-me das vezes que em nossa casa só porque a mãe ou a esposa fritou aquele bife um pouquinho a mais ou deixou o ovo com a gema mole e já foi motivo de reclamação.
Enquanto nosso churrasco estava sendo preparado, foi realizada uma festa com as crianças daquele povoado, e através da irmã  Margarida que  se vestiu de bonequinha,  os pequenos  ali presente ouviram  a Palavra de Deus através dos louvores infantis e glorificaram ao Senhor.
Vendo cada rosto, cada gesto, fui comovido pelo Espírito Santo que precisamos fazer tudo de graça e pela Graça.  Não nos cabe avaliar as nossas condições ou o merecimento das pessoas que ouvirão a mensagem.  Muitas vezes estamos colhendo o que outras pessoas plantaram e plantando para outros colherem. Precisamos saber apenas que Jesus é o Senhor da Seara e ele mesmo consuma toda a obra.  Não podemos pensar que as almas são somente nossas, precisamos repartir esta alegria com alguém. Por que até os anjos nos céus que nem podem pregar se alegram por causa de um só pecador que se arrepende e nós precisamos voltar da evangelização alegres por ver maravilhas do Senhor sendo realizadas por outras mãos.


Assim concluo essa experiência dizendo que a receita de Jesus para a visão missionária é andar de olhos erguidos para ver os caminhos de Deus que são mais altos que os nossos.  Cristo tinha olhos cheios de amor, com um olhar profundo que percebia as necessidades das pessoas, vontade de ganhá-las para Deus, discernimento, alegria e visão da Graça sobre elas. O missionário precisa ser bem resolvido e ter olhos capazes de ver a urgência da evangelização com relacionamentos saudáveis que só podem ser revelados e compreendidos olhos nos olhos.


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